Desde pequena eu sempre gostei muito de Card Captor Sakura. Lembro vagamente de ter assistido algumas vezes na televisão aberta durante as manhãs quando era criança, mas sinceramente nunca tinha assistido todos os episódios de uma vez. Até porque às vezes eu perdia a hora, tinha que ir para a escola e coisas do tipo.
A minha lembrança mais vívida foi ter jogado o jogo de PS1 que cobria até o episódio do teste de coragem, e de uma vez ter impresso as Cartas Clow (ou as Cartas Sakura, não lembro direito) e levado para a escola brincar com a minha amiga. Eu também adorava o segundo filme da Carta Selada, provavelmente foi um dos filmes que eu mais assisti quando era criança, e meus pais não aguentavam mais ouvir o Making-off da versão brasileira da música tema com a mulher cantando/gritando "pra ter você posso até voar".
Pois bem, com a comemoração de 25 anos de Sakura, decidiram retransmitir todos os episódios clássicos dublados no YouTube, num canal chamado NAISU TV. Eis então que eu pensei que essa era a minha chance de poder finalmente assistir todos os episódios dublados em português do Brasil e falar sobre eles - eu fiz um fio enorme no Twitter que durou 7 meses, comentando todos os episódios em todos os dias que tinha transmissão. Além disso, em maio também abriram um café temático na Liberdade, em São Paulo, no prédio da loja Akiba Station.
Considerando o sucesso de Sakura aqui no Brasil nos anos 90, eu acho bem difícil que tenha alguém da minha época que não deva ter pelo menos ouvido esse nome em algum momento. Mas, de qualquer jeito vou dar uma breve apresentação e as minhas impressões do anime clássico, não do mangá - ainda não tive a oportunidade de completar a minha coleção, nem a do original e muito menos do Clear Card.
CardCaptor Sakura, ou Sakura CardCaptor como ficou conhecido aqui no Brasil, conta a história de Sakura Kinomoto, uma menina de 10 anos que um dia encontrou um livro misterioso no porão de casa - livro esse com cartas mágicas que quando ativadas poderiam desencadear vários problemas. A história se passa em torno das cartas sendo espalhadas pela cidade de Tomoeda, onde nossa protagonista mora, e dela tentando coletar todas as cartas de volta.
Vendo por esse ponto a história de Sakura é bem simples e não tem muitas coisas que parecem ser muito diferentes de histórias de garotas mágicas. Mas rever depois de adulta, e principalmente dessa vez conseguindo assistir todos os episódios fazendo uma mini review, me fez perceber várias coisas - inclusive várias coisas meio duvidosas, hahaha.
Mas antes de falar disso, uma das coisas que eu mais gosto nesse anime, são as músicas tema. Eu assisti tudo dublado em português, e posso dizer que as versões brasileiras das músicas estão todas maravilhosas! Eles adaptaram bem as letras para a mensagem ficar a mesma das versões originais e eu confesso que eu chorei sim ouvindo alguma delas, principalmente de "Tobira wo Akete", que em japonês é interpretada pela Maaya Sakamoto. Em português ela ficou como "Portas Abertas" e foi cantada pela Livia Dabarian.
Outra versão que eu também gosto muito e chorei ouvindo é "Platinum", interpretada pela Larissa Tassi na versão brasileira e mais uma vez pela Maaya Sakamoto na versão japonesa.
Pra fechar essa parte das músicas, uma coisa que eu gosto muito nelas, e eu só pensei nisso agora enquanto escrevia o texto, é como elas refletem o momento da Sakura em cada temporada.
Agora em relação à história em si, eu tenho alguns prós e contras (acho que só um contra na verdade).
Com certeza uma das melhores coisas em Card Captor Sakura (considerando só o anime, porque eu não li todo o mangá, só o começo), é como eles abordam a questão da importância do sentimento, principalmente os vários tipos de "amor" que as pessoas sentem. E uma das coisas que eu mais achei legal revendo agora mais velha, é como a Sakura, principalmente vai tentando entender os tipos de "amor" que ela tem pelos outros personagens com os quais ela se relaciona. Tem muitas cenas que abordam esse tema de um modo muito delicado e cuidadoso e perceber isso dessa vez me deixou bem feliz mesmo.
Outra coisa que eu gosto muito mesmo é a ambientação do anime. Claro que ele se passa no Japão, mostra a rotina da Sakura na escola com os amigos, os momentos em família, e todos eles são muito bonitinhos, principalmente na primeira metade do anime. Os 20 e poucos minutos que eu tirava no dia para assistir os episódios com certeza era um dos momentos mais gostosos do meu dia. Além disso, o soundtrack também é sempre maravilhoso e acho que eles expressam e reforçam muito bem o clima de cada cena.
Além disso, a interação da Sakura com os outros personagens, seja com a família dela, com os amigos, e até mesmo com os guardiões e "vilões" da história é algo que eu gosto muito. Principalmente como ela consegue perceber o que essas pessoas têm de bom por dentro. Claro que tem horas que soa caricato demais, mas é um anime né, então pra que levar a sério nesse ponto?
O modo como a Sakura vai crescendo dentro da história a partir da captura das cartas também vai ficando bem mais claro. Eu gosto muito como é uma mudança que você percebe a partir dos pensamentos que ela tem em relação aos momentos que está passando e os desafios que tem que superar, mas sempre mantendo a sua essência de ser uma menina carinhosa e alegre.
Em relação aos personagens adultos, aí já é outro caso... hahaha (risos de nervoso). A CLAMP já é meio conhecida por fazer casais de cunho meio duvidoso, né? Pois é... Aqui isso também acontece, acho que só é novidade mesmo pra quem nunca na vida ouviu falar de Sakura. Tinha muita coisa que eu não lembrava mesmo, tipo o Terada com a Riko... e pensando bem o Fujitaka com a Nadeshiko, considerando a diferença de idade deles.
Eu realmente nunca tinha me tocado disso quando era criança, eu só ficava "meu Deus a Sakura é muito legal, eu quero ir pra escola de patins que nem ela!". Mas revendo agora mais velha eu também dei umas boas risadas porque tem MUITA frase de duplo sentido no meio dos episódios que você para e começa a rir sozinha na frente da tela do PC. Num nível assim de ficar "como deixaram isso aqui ser transmitido na TV aberta??" - apesar das crianças provavelmente não entenderem mesmo o contexto, assim com eu não entendi quando tinha 10 anos.
Mas de verdade, acho que esse é o único ponto "contra" mais forte sobre Sakura que eu tenho. Porque sendo bem sincera, eu acabava a maior parte dos episódios com o coração bem quentinho - apesar de ter chorado muito em alguns também, principalmente quando a Nadeshiko aparece e ver como a família Kinomoto interage entre si. O Fujitaka é simplesmente um querido, paizão super trabalhador e muito fofo; o Touya também é um querido, sempre amei as interações de irmão mesmo que ele tem com a Sakura e ver como ele se importa muito com ela.
Ver como o poder da Sakura vai se transformando junto com ela aos pouquinhos também é muito gratificante. Inclusive eu chorei um monte quando transmitiram o episódio 70 no YouTube e passou a cena dos flashbacks, porque eu fiquei me sentindo tipo a "mãe", de ver o crescimento da protagonista por tanto tempo.
Assistir a versão dublada também foi muito especial, porque esse é um daqueles animes que eu gosto mais em português do que em japonês, exatamente por conta dessa memória afetiva. E acho que isso só fez reforçar mesmo o quanto eu amo Sakura do fundo do meu coração e o quanto essa obra pessoalmente tem um espaço especial dentro de mim. É até meio difícil de explicar, porque acho que tem muita coisa que eu acabei incorporando dentro de mim sem perceber por conta da Sakura, inclusive o bordão dela falando "Vai ficar tudo bem", que é uma coisa que vira e mexe eu fico repetindo pra mim também, hahaha.
Foram quase 8 meses reacompanhando Sakura dublado no YouTube e eu não podia ficar mais feliz. Foi uma ótima experiência poder rever esse anime que eu amo tanto e poder pensar sobre algumas coisas também. Acho que de tempos em tempos eu vou ficar revendo para ficar com esse sentimento gostosinho. E se alguém não assitiu, pelo amor de Deus não perca o seu tempo, ainda mais agora que tem tudo disponível!
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